terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Virtude e Dom

“Sem a vivência dos opostos, não há experiência da totalidade”
Carl G. Jung

A virtude é algo que a humanidade precisa e exige, porém difícil é dizer se a virtude é algo nato ou se requer prática.

No primeiro caso, estaríamos generalizando e restringindo nossas próprias capacidades. É o mesmo que dizer que uma pessoa mentirosa nunca pode falar a verdade. Na segunda hipótese, concluímos que virtudes podem ser então ensinadas, mas quais as virtudes que serão ensinadas definirão o ser que se formará.

Ainda neste segundo momento, não podemos nos esquecer que o limitador da humanidade é a sua infância. Sua criação definirá quais virtudes este poderá assimilar, caindo então em um outro conceito tão vago quanto a virtude: Personalidade ou Caráter.

Definiremos na medida do possível Virtude; segundo a Igreja Católica, é “uma disposição habitual e firme para fazer o bem”. Este modo de visão exclui as virtudes que “não são para o bem”. Ora, podemos afirmar que aquele que tem a virtude de Matar, por exemplo, não teria uma virtude e sim um defeito. Porém ao pensarmos em uma guerra, o soldado que mais inimigos matar, seria este o mais virtuoso? De acordo com esta definição, ele teria um Dom, não uma virtude.

Uma segunda definição, é a de Maquiavel que define a virtú como energia, decisão, capacidade, empenho, vontade dirigida para um objetivo. Bastante próximo da definição de Nietzsche sobre “Der Wille zur Macht” que significa “A Vontade de Potência”. Nesse sentido, a virtude seria como um traço forte da pessoa, que se manifestaria nos momentos de necessidade ou com uma grande vontade envolvida. Agora, o exemplo anterior do Soldado encaixaria-se como uma virtude.

Creio que em todas as definições apresentadas, seja possível concluir que a virtude é algo que a pessoa aprende, e as experiências pelas quais a pessoa passa e as decisões que ela toma diante da dificuldade, formarão seu caráter e personalidade, criando, modificando ou extinguindo uma virtude.

Podemos então aqui, criar uma outra premissa: O virtuoso nem sempre foi virtuoso, e talvez não o será numa outra dificuldade. O objetivo dessa reflexão é que você se questione acerca de suas virtudes, quais são ”para fazer o bem”, e quais não são.

Vamos agora trabalhar com o conceito de Dom, naturalmente chamado de talento, vocação ou habilidade, Agora desmembremos esse conceito.

Habilidade e vocação, primeiramente. Fácil é a percepção de que estes são possíveis de se induzir, aprender ou criar afinidades. O fato de que eu jogo videogames desde pequeno me dá uma habilidade em jogos, digo até que uma certa vocação para jogar. São diferentes de Dom.

Talento, este sim seria um sinônimo de dom. Talento é algo que intuitivamente a pessoa saiba fazer bem, envolve capacidade de compreensão e manipulação do dote.

Considerando este como a definição de dom, poderíamos pensar da seguinte forma: é possível alguém ter um dom não correspondente a sua condição atual? Por exemplo, é possível que eu possua o dom de pilotar uma aeronave mesmo sem nunca chegar perto de uma?

Se a resposta for afirmativa, teremos então que o dom é algo genético, ou do além, como preferirem, seria então uma predisposição favorável. Mas ainda nesta visão, poderíamos nascer com dons que detestemos, como por exemplo, saber ferir pessoas.
Sendo a resposta negativa, seria como assumir que apenas é possível possuir dons para o meio em que vivemos, logo seria uma Virtude, pois uma vez adaptado para o meio e utilizado positivamente, caracterizaria na nossa definição acima.
Em resumo, o dom possui os mesmos fundamentos da virtude, mas possui uma outra finalidade: Virtude é saber o que e quando fazer, Dom é saber como fazer.

3 comentários:

  1. O que já nasce conosco ou o que só é desenvolvido. E se já nasce conosco de onde veio isso: genética, vidas passadas ou simples acaso. Acho interessante pensar no que é ou não virtude ou algo bom. Humildade, na visão geral acredito que seja algo bom, mas não é também um pedido de desculpas por você ser mais talentoso que o resto? Por se sobresair a massa, ser diferente? E aí voltamos a seu post anterior. Tudo é cercedo pelo momento da história e das influências político-regiosas das religiões.
    Espero que dê continuidade ao teu blog, gostei muito.
    Sdds, eu.

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  2. Então, eu.

    Gosto de usar a visão político-religiosa para o momento. Se olharmos para a História, entenderemos pq os tanto os Gregos avançaram e pq a Idade média é a Idade das Trevas. É um bom tema.

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  3. e eu soh fui saber do blog agora =P

    Bom, amore. Prossiga no blog, é importante a exposição "livre" de suas idéias.

    Conceitos vagos são sua paixão... Pois é, vc e a igui vão debater muito aqui ainda ^^

    =***, s2.

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